segunda-feira, 28 de março de 2011

Vasco de Sines dá chance a quem não teve espaço no Brasil

Iniciada em meados de 2010, a parceria do Vasco carioca com o homônimo de Sines, em Portugal, começa a render frutos e gerar oportunidades para jogadores que não tiveram espaço no Brasil. É o caso, por exemplo, do goleiro Gott, que completou 20 anos em janeiro. Sem chances até nos juniores do Vasco, onde Cestaro era o titular, ele aceitou o desafio de jogar em um clube de pequeno porte na Europa e o retorno veio rápido. Destaque da equipe, começa a aparecer na mídia portuguesa e pode ser negociado ao fim da temporada.



Com 1,99m de altura, o “Gigante de Sines”, como foi chamado pelo diário português “A Bola”, Gott está empolgado com a liderança do distrital de Setúbal, que seria equivalente a um Estadual no Brasil, porém com mais jogos (são 30 rodadas). Em 19 partidas, o Vasco da Gama de Sines é o primeiro colocado, empatado com 43 pontos com o Olímpico Montijo, adversário deste fim de semana, que faz campanha idêntica (13 vitórias, quatro empates e duas derrotas), mas está em desvantagem no saldo de gols. Gott é de longe o goleiro menos vazado da competição, com apenas 12 gols sofridos (o segundo colocado no quesito é o goleiro do Montijo, com 17 gols sofridos).

“Cheguei no Vasco em 2009, antes era do Grêmio. Fiquei até agosto de 2010 e vim para Portugal. Em setembro, o pessoal do Vasco me chamou e aceitei na hora. Tive um pouco de dificuldade para me adaptar no início, o estilo de jogo é bem diferente, mais de força, mas fui titular desde o primeiro jogo e já estou bem adaptado”, contou o goleiro, que agora vive com outros cinco brasileiros em um apartamento em Sines, bem próximo ao campo de treinamento. “Formamos uma família, é a primeira experiência fora do Brasil de todos”.


Gott começa a ter destaque na mídia portuguesa e é o menos vazado no distrital de Setúbal
O apelido Gott vem do nome alemão Gottfried Golz que, segundo o goleiro, se traduz em “amigo de Deus”. Gaúcho, conta com orgulho a história do bisavô que fugiu da Alemanha para não ter de fazer parte do Exército de Hitler na Segunda Guerra Mundial e se refugiou no Sul do Brasil, mais precisamente em Três Passos, onde o goleiro nasceu. A meta agora é fazer o time subir de categoria e enfim deslanchar como profissional. “Graças a Deus as coisas estão correndo bem, foi a primeira vez que tive destaque na mídia com essa matéria no ‘A Bola’. Tenho contrato com o Vasco do Rio até 2012 e estou cedido ao Vasco de Sines até junho deste ano. Quero muito continuar aqui, é um projeto ambicioso, mas se surgir interesse de outro clube, caberá ao Vasco (RJ) decidir”.



Quem também vem se destacando é o zagueiro Hebert, o último dos seis brasileiros que atuam no Vasco de Sines a se mudar do Brasil. Ele chegou em Portugal em fevereiro, mas rapidamente chamou atenção e se tornou titular. Antes de chegar a São Januário, em 2010, o defensor atuou no Volta Redonda, no Barueri (hoje Grêmio Prudente) e na Ponte Preta. Com 19 anos, disse ter se adaptado rapidamente, mas a transferência foi uma surpresa.

“Claro que eu queria jogar na Europa, mas nunca imaginei que fosse tão rápido. Consegui me tornar titular em duas semanas, não tive problema em me adaptar ao estilo de jogo mais forte, e minha maior vontade agora é fazer o time subir de categoria e me firmar profissionalmente. O restante vem com o tempo”, disse Hebert.

Com 1,90m, ele comemora uma nova chance, já que seria descartado se a filial em Sines não tivesse sido criada. “Essa parceria está sendo uma grande oportunidade para nós que não temos tantas chances como profissionais. É uma ótima experiência. É um grande projeto, com grande expectativa para o futuro”.